quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Seminário no RJ discute intolerância religiosa na educação


de Drielly Jardim
A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) realiza, nesta quarta-feira (12), em Estácio, no Rio de Janeiro, o Seminário Intolerância Religiosa na Educação. O evento, que faz parte do projeto “Seminários caminho para liberdade religiosa”, conta com o apoio do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP) e da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro.
Segundo Astrogildo Filho, um dos organizadores do evento, o seminário faz parte do ciclo de debates que passará por três cidades do Rio de Janeiro e deverá culminar com uma grande mobilização no dia 21 de janeiro de 2013 – Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. “Nós vamos discutir o tema e propor soluções para que seja criado o Plano Nacional de Intolerância Religiosa”, afirma. “É uma mobilização da sociedade civil que busca chamar a atenção do governo para um tema muito importante”, garante.
Os próximos seminários ainda não têm data e locais definidos, mas terão como tema “liberdade de expressão” e “laicidade e o Estado”. A participação é gratuita.
Dia de Combate – O Dia Nacional de Combate a Intolerância Religiosa, celebrado em 21 de janeiro, foi oficializado pela Lei nº 11.635, em 2007. A data homenageia a sacerdotisa, Gildásia dos Santos e Santos, a Mãe Gilda. Ialorixá do terreiro Axé Abassá de Ogum, em Salvador, Mãe Gilda morreu de enfarte, após ser acusada de charlatanismo no periódico de uma instituição religiosa protestante.
A legislação brasileira proíbe qualquer tipo de intolerância religiosa. A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, alterada pela Lei nº 9.459, de 15 de maio de 1997, considera crime a prática de discriminação ou preconceito contra religiões.



Fonte: Fundação Palmares




terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O "Natal" Kwanzaa


Que tal comemorar este período natalino nas escolas com elementos da Mãe África? Conheça o Kwanzaa e celebre com seus alunos.


Como funciona o Kwanzaa
por Stephanie Watson - traduzido por HowStuffWorks Brasil


Símbolos do Kwanzaa
No final de dezembro, a época de festas está a todo vapor. Os cristãos celebram o Natal , que comemora o nascimento de Jesus. Os judeus celebram o Chanucá , que celebra a recuperação de seu templo sagrado em Jerusalém. Esses feriados são celebrações cheias de alegria em que as famílias e os amigos se juntam para compartilhar comida e presentes. As pessoas de descendência africana têm sua própria celebração de dezembro, em que elas se juntam com os entes queridos para reafirmar os elos com a família e a cultura e também para compartilhar a comida e trocar presentes. Ela é chamada de Kwanzaa, e, embora seja relativamente nova se comparada com os outros feriados, ela se tornou um importante aspecto da prática da cultura africana nos outros continentes.
Neste artigo, vamos conhecer as raízes do Kwanzaa, descobrir o significado de seus símbolos e aprender sobre as tradições únicas que dão existência a essa celebração.

O que é Kwanzaa?
Selo emitido pelo governo dos Estados Unidos em 2011 em homenagem
ao Kwanzaa
Kwanzaa é um feriado pan-africano, o que significa que ele foi concebido para unir as pessoas de descendência africana de todos os lugares do mundo. Ele vai de 26 de dezembro a  de janeiro. Diferente do Natal e do Chanucá, que são feriados religiosos, o Kwanzaa é um feriado cultural (na verdade, muitas pessoas comemoram o Kwanzaa e o Natal). Durante os sete dias, descendentes de africanos se juntam para celebrar a família, a comunidade, a cultura e os elos que os unem como povo. Eles também relembram sua herança, agradecem pelas coisas boas que têm e exultam a bondade da vida. O sete é um tema importante do Kwanzaa. O feriado dura sete dias, um dia para cada um dos sete princípios. Há sete símbolos básicos usados na cerimônia do Kwanzaa (um deles são as sete velas) e cada símbolo se une a um ou mais dos sete princípios.

A história do Kwanzaa
Como o Kwanzaa obteve esse nome
Existe uma história que é mais ou menos assim: durante uma das primeiras celebrações do Kwanzaa, havia um cortejo de crianças. Cada uma das seis crianças segurava uma das letras da palavra "Kwanza", que é como se escrevia o nome do feriado. Mas uma sétima criança, sem letra para segurar, começou a chorar. Alguém do evento deu à criança uma letra "a" a mais, e o feriado então foi renomeado como "Kwanzaa".






Embora o Kwanzaa tenha começado há poucas décadas, suas raízes vêm das antigas celebrações africanas da colheita. O nome "Kwanzaa" vem da frase em Swahili, "matunda ya kwanza," que significa "os primeiros frutos". Muitas das celebrações dos primeiros frutos, como, por exemplo, o Umkhost de Zululand na África do Sul, também tinham duração de sete dias. O Kwanzaa foi uma criação doDr. Maulana Karenga, professor e diretor do Departamento de Estudos Negros da Universidade do Estado da Califórnia(em inglês) e ex-ativista dos direitos civis. Ele apresentou o Kwanzaa em 1966, uma época em que os afro-americanos lutavam por direitos iguais, como meio de ajudá-los a se conectarem com os valores e tradições africanas. O Dr. Karenga também quis que o Kwanzaa servisse como um elo para unificar os afro-americanos como comunidade e como povo. Ele escolheu as datas de 26 de dezembro a 1º de janeiro para coincidir com os feriados judeu e cristão, que já são uma época de celebração. E escolheu um nome que vem do idioma Swahili porque ele é falado por um grande número de pessoas no leste africano.
Na época das celebrações da colheita, os africanos se juntavam para celebrar suas safras e reafirmar seus elos como comunidade. Eles ofereciam graças ao seu criador por uma colheita generosa e uma vida plena. Eles honravam seus ancestrais e reafirmavam seu compromisso com sua herança cultural e também celebravam sua cultura e sua comunidade. Os ideias da colheita inspiraram o Dr. Karenga a criar os Sete Princípios do Kwanzaa.

Os sete princípios do Kwanzaa
O Kwanzaa está centrado nos sete princípios, Nguzo Saba (En-GOO-zoh Sah-BAH), que representa os valores da família, da comunidade e da cultura para os africanos e para os descendentes de africanos. Os princípios foram desenvolvidos pelo fundador do Kwanzaa, Dr. Maulana Karenga, baseados nos ideais das colheitas dos primeiros frutos. Os princípios são:
  • umoja (oo-MOE-jah): união
    Estar unido como família, comunidade e raça; 
  • kujichagulia (koo-jee-cha-goo-LEE-ah): auto-determinação
    Responsabilidade em relação a seu próprio futuro; 
  • ujima (oo-JEE-mah): trabalho coletivo e responsabilidade
    Construir juntos a comunidade e resolver quaisquer problemas como um grupo; 
  • ujamaa (oo-JAH-mah): economia cooperativa
    A construção e os ganhos da comunidade através de suas próprias atividades; 
  • nia (nee-AH): propósito
    O objetivo de trabalho em grupo para construir a comunidade e expandir a cultura africana; 
  • kuumba (koo-OOM-bah): criatividade
    Usar novas idéias para criar uma comunidade mais bonita e mais bem-sucedida; 
  • imani (ee-MAH-nee): 
    Honrar os ancestrais, as tradições e os líderes africanos e celebrar os triunfos do passado sobre as adversidades.
Durante as festividades do Kwanzaa, os princípios são ilustrados por sete símbolos.
Os sete símbolos do Kwanzaa

Sete símbolos são exibidos durante a cerimônia do Kwanzaa para representar os sete princípios da cultura e da comunidade africana. 
  • Mkeka (M-kay-cah): é a esteira (geralmente feita de palha, e que também pode ser feita de tecido ou papel) sobre a qual todos os outros símbolos do Kwanzaa são colocados. A esteira representa a base das tradições africanas e da história . 
  • Mazao (Maah-zow): as safras, frutas e vegetais representam as celebrações da colheita africanas e mostram respeito pelas pessoas que trabalharam no cultivo. 
  • Kinara (Kee-nah-rah): o candelabro representa a base original da qual todos os ancestrais africanos vieram e contém sete velas. 
  • Mishumaa (Mee-shoo-maah): nas sete velas, cada uma representa um dos sete princípios. As velas são vermelhas, verdes e pretas, cores que simbolizam o povo africano e sua luta. 
  • Muhindi (Moo-heen-dee): o milho representa as crianças africanas e a promessa de futuro para elas. Um sabugo de milho é colocado para cada criança da família. Em um família sem crianças, um sabugo de milho é colocado simbolicamente para representar as crianças da comunidade. 
  • Kikombe cha Umoja (Kee-com-bay chah-oo-moe-jah): a Taça da Uniãosimboliza o primeiro princípio do Kwanzaa, ou seja, a união da família e do povo africano. A taça é usada para derramar a libação (água, suco ou vinho) para a família e os amigos. 
  • Zawadi (Sah-wah-dee): os presentes representam o trabalho dos pais e a recompensa para seus filhos. Os presentes são dados para educar e enriquecer as crianças, e podem ser um livro, uma obra de arte ou um brinquedo educativo. Pelo menos um dos presentes é um símbolo da herança africana.

As velas
Sete velas são colocadas dentro do Kinara: 
  • no centro há uma vela preta representando o primeiro princípio: união (Umoja); 
  • à esquerda da vela preta estão três velas vermelhas, representando os princípios deauto-determinação (Kujichagulia), economia cooperativa (Ujamaa) e criatividade (Kuumba); 
  • à direita da vela preta estão três velas verdes, representando os princípios de trabalho coletivo e responsabilide (Ujima), próposito(Nia) e  (Imani).

Os sete dias do Kwanzaa

As velas do Kwanzaa
No primeiro dia do Kwanzaa, 26 de dezembro, o líder ou ministro convida todos a se juntarem e os cumprimenta com a pergunta oficial: "Habari gani?" (O que está acontecendo?), à qual eles respondem com o nome do primeiro princípio: "umoja". O ritual é repetido em cada dia de celebração do Kwanzaa, mas a resposta muda para refletir o princípio associado àquele dia. No segundo dia, por exemplo, a resposta é "Kujichagulia". Em seguida, a família diz uma prece. Depois, eles recitam um chamado de união, Harambee (Vamos nos Unir). A libação é então realizada por um dos adultos mais velhos, e uma pessoa (geralmente a mais jovem) acende uma vela do Kinara. O grupo discute o significado do princípio do dia e os participantes podem contar uma história ou cantar uma música relacionada a esse princípio. Os presentes são oferecidos um a cada dia ou podem ser todos trocados no último dia do Kwanzaa.
O banquete do Kwanzaa é no dia 31 de dezembro. Ele não inclui só comida, é também um momento de cantar, orar e celebrar a história e a cultura africana.
O dia 1º de janeiro, o último dia do Kwanzaa, é um momento de reflexão para cada um e para todo o grupo. As pessoas se perguntam: "quem sou eu?" "sou realmente quem digo que sou?" e "sou tudo o que posso ser?" A última vela do Kinara é acesa e então todas as velas são apagadas sinalizando o fim do feriado.
Nas próximas seções, vamos ver em detalhes os elementos da celebração do Kwanzaa.

Celebrando o Kwanzaa: as tradições do feriado
Troca de presentes
Os presentes do Kwanzaa sempre incluem um livro, que representa o valor do aprendizado, e também pelo menos um símbolo da herança africana.
Milhões de africanos, não só nos Estados Unidos, mas em todo o mundo, celebram o Kwanzaa todos os anos. Eles se juntam com a família e os amigos para homenagear os ancestrais e as tradições africanas e olhar para seu futuro como povo. Eles se reúnem nas casas, nas escolas, nas igrejas e nos centros comunitários. As cores oficiais do Kwanzaa são preto, vermelho e verde. Essas cores sempre tiveram um significado para os africanos (são as cores da bandeira africana), mas foram apresentadas aos afro-americanos por Marcus Garvey(em inglês), um líder nacionalista negro do início do século 20. O preto representa o povo africano; o vermelho representa sua luta (sangue); e o verde é um símbolo de seu futuro. A maior parte da decoração do Kwanzaa é feita nas cores simbólicas do feriado. 

As pessoas usam uma variedade de ítens decorativos que tornam suas casas mais festivas durante o Kwanzaa. Os ítens incluem cestas, arte africana, cartazes, a bandeira do país e os símbolos da colheita. O componente mais importante da casa é uma mesa onde se encontra a esteira (Mkeka), sobre a qual são exibidos os outros símbolos do Kwanzaa:
  • candelabro (Kinara) segura as sete velas (Mishumaa Saba). Uma vela do Kinara é acesa em cada dia da celebração. A vela preta do centro é a primeira a ser acesa. Uma vela é acesa a cada noite, começando pela última à esquerda (uma vela vermelha) e depois alternando entre uma vermelha e uma verde, de fora para o centro do candelabro; 
  • Mazao (frutas e vegetais) é colocado em uma tigela ou uma cesta; 
  • na esteira também é colocado o Muhindi (milho), um sabugo de milho para cada criança da casa; 
  • Taça da União (Kikombe cha umoja) é usada para servir a libação (água, suco ou vinho) para cada membro da família; 
  • presentes (Zawadi) como livros, vídeos ou outros ítens educativos também são colocados na esteira.
Na próxima seção, vamos ver o que acontece durante o banquete do Kwanzaa.

As afirmações da libação 
À Mãe-terra, berço da civilização.
Aos ancestrais e seus espíritos indomáveis.
Aos anciãos, de quem podemos aprender muito.
Aos nossos jovens, que representam a promessa do amanhã.
Ao nosso povo, o povo original.
À nossa luta e em lembrança àqueles que lutaram por nós.
A Umoja, o princípio da união, que nos guiará em tudo que fizermos.
Ao criador, que é o provedor de todas as coisas grandes e pequenas.









O banquete do feriado
Em 31 de dezembro, os participantes organizam um grande banquete, o Kwanzaa Karamu. O banquete é mais do que só comida, é também um fórum de expressão cultural que inclui música, dança e leitura. Um programa típico de um Kwanzaa Karamu é mais ou menos assim:
  • kukaribisha (Saudações): apresentação e saudação seguida por música, dança, poesia e outras apresentações; 
  • kuumba (Relembrar): reflexões culturais; 
  • kuchunguza Tena Na Kutoa Ahadi Tena (Reavaliação e reforço do compromisso): um discurso breve feito por um convidado; 
  • kushangilla (Exultação): leitura das afirmações da libação, seguida por uma bebida comunal servida na Taça da União, e leitura dos nomes de ancestrais e heróis negros, seguida por um jantar; 
  • tamshi la tutaonan (Manifesto de despedida): leitura de uma afirmação de despedida acompanhada por uma conclamação de uma maior união.
A comida servida durante o Kwanzaa é uma mistura de sabores caribenhos, africanos e sul-americanos. Alguns pratos populares são quiabo frito, bananas, frango frito, sopa de feijão preto, presunto cozido e gumbo. Uma grande esteira (Mkeka) é colocada no centro da salão e toda a comida é disposta nela em destaque.