quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Mesquita é o único município do RJ com o Selo de Educação para a Igualdade Racial 2010

A Prefeitura de Mesquita recebeu o Selo de Educação para a Igualdade Racial 2010, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - SEPPIR, em cerimônia realizada em Brasília, no dia 21 de março de 2010, a partir das temáticas africanas.
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A Secretaria Municipal de Educação - SEMED, única instituição contemplada do Rio de Janeiro, foi representada na solenidade de premiação pela secretária de Educação, Maria Fátima de Souza Silva. Além do Certificado do Selo, a Secretária trouxe para o Município, um Estandarte e uma caixa de livros, que servirão de ferramentas para continuar o trabalho da aplicação da Lei 10.639/2003 nas Unidades Escolares.
Segundo Fátima de Souza, “o selo foi fruto de um trabalho de equipe que envolveu toda a Secretaria e foi desenvolvido em todas Unidades Escolares”. “Queremos igualmente agradecer a parceria de todas as secretarias de Mesquita  e ao prefeito Artur Messias da Silveira que nos permitiram, incentivaram  e ajudaram a desenvolver o trabalho no ano de 2010. Esse é um reconhecimento pelo envolvimento e trabalho árduo e dedicado aos alunos e à educação. Parabéns à Cidade!”.

Essa foi a sua primeira edição e premiou as 16 primeiras experiências exitosas de escolas e secretarias de Educação que implementaram a Lei nº 10.639/03 em todo o território nacional. O Projeto tem como objetivo contribuir para a construção, em sala de aula, de conhecimentos que valorizem o patrimônio histórico e cultural dos povos negros no Brasil e na África. Durante um ano a Prefeitura, a Secretaria de Educação e demais órgãos terão o direito de utilizar o Selo em seus materiais.

Além da cerimônia de entrega do Selo aos contemplados, a solenidade abriu as  atividades do Ano Internacional dos Afrodescendentes,  na mesma data em que se comemora também o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial — em alusão ao massacre de Sharpeville, que vitimou dezenas de manifestantes que protestavam contra a Lei do Passe, na África do Sul, em 1960. A data foi instituída por resolução da Organização das Nações Unidas - ONU, que também declarou 2011 como o Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes.

Uma homenagem especial foi entregue à professora Doutora Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, primeira mulher negra a ter assento no Conselho Nacional de Educação do Ministério da Educação, pelos serviços prestados ao País.
Foram também premiadas as crianças vencedoras do concurso cultural As Cores do Saber, iniciativa realizada pela parceria BR Petrobras/SEPPIR.

Mesquita leva África para Desfile Cívico e esbanja criatividade




Mesquita realizou no dia 24 de setembro, o seu tradicional Desfile Cívico. Ao todo, 43 escolas municipais, estaduais, e particulares se apresentaram no evento, que teve como tema “África de Todos Nós”.  O espaço da Avenida São Paulo ganhou um verdadeiro banho de cultura e cores, empolgando o público, aproximado, de 15 mil pessoas.
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O evento contou com a participação do prefeito, Artur Messias, e do vice-prefeito, Paulinho Paixão, que recepcionaram todas as escolas. O secretariado municipal e os vereadores da Cidade também marcaram presença. As primeiras instituições a passarem pela Avenida foram as creches, cuja abertura coube à Creche Municipal Marlene Peres Costa, que abordou a arte, culinária, e o grito de liberdade pela independência de expressão religiosa.
A secretária de Educação, Maria Fátima de Souza, interagiu durante a apresentação de todas as Unidades Escolares com os locutores, informando para a população dados sobre as escolas e os temas que os pelotões abordavam. Todos os representantes das instituições, que participaram do desfile, ganharam de Fátima de Souza  um vaso de flores, com violetas africanas. As escolas não economizaram no quesito criatividade com belíssimos figurinos. As músicas levantaram o público que dançou com as apresentações Afro e de Axé. Até o pop de Lady Gaga, teve vez com as bandas marciais.
Um destaque para o pequeno Pedro Lucas, de 9 anos, que desfilou na Escola Municipal Dr. Manoel Reis, com a banda de percussão afro, da Escola Municipal Venina Corrêa Torres, de Nova Iguaçu. Pedro levantou todos ao tocar seu surdo de virada, com muito molejo e rebolado. A banda faz parte do projeto Mais Educação, e participou do Desfile Cívico de Mesquita a convite da Secretaria Municipal de Educação – SEMED.
A Academia de Letras e Artes de Mesquita, além das secretarias de Assistência Social e Trabalho - SEMAS, e de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer - SEMCTEL, também desfilaram. Para  Fátima de Souza, o desfile foi um sucesso. “Conseguimos apresentar no evento muito da cultura africana. Todas as escolas estavam lindas e desenvolveram com muita competência o tema do nosso desfile”, conclui emocionada a secretária da SEMED.
Fonte e Fotos: CCS

Alunos da Escola Estadual Municipalizada Santos Dumont sem divertem aprendendo a jogar Ouri

Fonte: Página "Escola por quem faz" da Prefeitura de Mesquita


O Ouri pertence a uma família de jogos de tabuleiro designados por Mancala. A família do Mancala é muito antiga e a sua origem é incerta, no entanto, admite-se que tenha sido inventado pelos egípcios. Mais tarde, foi introduzido na Ásia, nas Filipinas e na África Negra.

No século XVI, através dos escravos negros,  chegou à América e às Antilhas. Hoje, joga-se o Mancala em quase todas as regiões africanas. O nome varia de país para país e até de tribo para tribo, com algumas variantes, embora as regras, no essencial, sejam as mesmas. Há regiões africanas onde se jogam variantes em tabuleiros, com vários buracos e sementes em número proporcional aos buracos. Para Cabo Verde, foi levado pelos povos da Costa da Guiné, que foram povoar o arquipélago no século XV.ouri3 Os nomes de Oril, Uril, Ori, Oro, Ouri ou Urim, entre outros, coincidem com a especificidade de cada ilha, de Cabo Verde. No continente africano recebe também designações diversas, nomeadamente “awalé ou awélé” (Costa do Marfim) e “N’Golo” (Congo Kinshasa). Das muitas designações apresentadas, decidimos adotar a seguinte: “Ouri”.

O caboverdiano José Miguel, mais conhecido como Zé, vigia da Escola Estadual Municipalizada Santos Dumont, onde ocorre o Projeto ÁFRICAS; projeto que visa mostrar aos alunos a importância da África e toda a sua rica cultura, através de peças teatrais, exibição de filmes e outras atividades lúdicas e educacionais, é o responsável por inserir um pouco da cultura africana, através do jogo Ouri, para alunos e professores da Escola. A diretora do colégio, Cintia Mariane, sabendo que José era caboverdiano, perguntou se ele sabia de algum jogo popular do seu país de origem, e obteve uma surpreendente resposta: “ ...ele disse que não. O Ouri tem vários nomes e quando descobrimos que Ouri poderia ser um jogo desses, ele não se recusou a ensinar.” No dialeto Criol, falado em Cabo verde, o jogo se chama Ouri.

Zé então passou a orientar as crianças do projeto AFRICAS em uma oficina de Ouri. Um mês depois quase 300 crianças já estavam participando da oficina, sendo elas da 1º até a 5º série do Ensino Fundamental. Além, de terem aulas de como jogar Ouri, as crianças também são orientadas a fazer seu próprio tabuleiro com materiaisouri7 recicláveis. O projeto AFRICAS tem como finalidade mostrar as coisas boas do continente, não vislumbra a tristeza, mas sim as coisas boas da África, principalmente sua diversidade cultural. O AFRICAS (com S) está no plural, pois quer mostrar como um continente, que foi sinônimo de destruição e pobreza, é multiétnico e com muitas coisas boas que devem ser compartilhadas com o mundo.  O Ouri está muito além de um jogo, é uma atividade pedagógica, pois além da cultura
 africana, os alunos também estão aprendendo raciocínio lógico e matemática na prática, e de uma maneira divertida. O jogo também requer o uso da memória, o que ajuda bastante o aluno com outras matérias tradicionais, estimulando e exercitando sua capacidade criativa e de retenção de informação aprendida.  Para a diretora, o contato que as crianças tem com o Seu Zé é muito importante: “O Seu Zé é prestativo demais, sempre traz boas contribuições. Tem uma história de vida rica e gosta de compartilhar”. As aulas são ministradas entre 4 e 5 da tarde e as crianças disputam uma vaga no tabuleiro, e quando não conseguem, se aglomeram para observar os colegas jogando, e torcer pelo seu preferido.

Com forte sotaque, José Miguel dos Santos ou Seu Zé, como é popularmente conhecido, nasceu em Cabo Verde, na parte Sul da África e veio para o Brasil no dia 5 de junho de 1975. Atualmente com 63 anos, está no nosso País há mais de três décadas.  Morador da Vila Emil é uma figura bastante conhecida e respeitada pelos vizinhos e amigos.

Seu pai veio para o Brasil quando tinha 14 anos e depois Seu Zé, já com 18 anos, foi trabalhar na cidade de Lisboa em Portugal, onde ficou por um ano. Após esse período na Europa, veio na primeira metade da década de 70 visitar seu pai no Brasil, e ficou até hoje
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 pelas oportunidades de trabalho. Adotou este País como sua casa, mas ainda sente falta de Cabo Verde: “Eu até tenho vontade de voltar para Cabo Verde, mas agora quando eu for,  vai ser somente para visitar.”
Ainda na infância ganhou do seu pai seu primeiro tabuleiro de Ouri, um jogo de tabuleiro de origem muito antiga e incerta, mas que se acredita ter como origem os egípcios, que mais tarde o introduziram na África, e a partir de lá se disseminou para o mundo, através de escravos negros que chegaram à América e às Antilhas. Ouri era sua brincadeira preferida, porém, seus pais preocupados com o seu rendimento escolar, não o deixavam jogar sempre.
Para não ficar sem sua brincadeira favorita, Seu Zé jogava escondido com os amigos, improvisando um tabuleiro, em qualquer lugar, sempre que podiam: “Na infância, fazíamos buracos no chão para jogar Ouri. Ao invés de jogar com sementes, jogávamos com coco de cabra seco.”
Por Rômulo Almeida
Fotos: Monique Oliveira
Projeto AFRICAS

Escola Estadual Municipalizada Santos Dumont - Rua cesário, nº 276 – Jacutinga
Realizado de Fevereira a Junho 2010
Objetivos
Levar alunos a se interessarem pela cultura africana de uma forma criativa, lúdica e divertida.ouri5
Público alvo
Todos os alunos da escola
Participação e Implantação
Todos os professores, orientadores e  profissionais que atuam na Escola.

Se você conhece um professor que inove o modo de ensinar, deixando de lado a tradicional fórmula aluno/ professor/ sala de aula/ livros, contribua com o espaço “Escola por quem faz”, que tem o objetivo de valorizar o trabalho dos mestres educadores da cidade de Mesquita. Envie aqui a sua sugestão.
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Projeto "Negro Olhar": história e cultura na E. M. Dr. Deoclécio Machado Filho



africanidade Uma das mudanças mais importantes em nossa legislação educacional diz respeito à inclusão da história e da cultura afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio públicos e particulares.

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É o resgate de uma dívida acumulada ao longo de séculos de políticas sociais, econômicas e culturais marcadas pela exclusão.
“O saber é uma luz que existe no homem. É a herança de tudo aquilo que nossos ancestrais puderam conhecer e que se encontra latente em tudo que nos transmitiram, assim como o baobá já existe em potencial em sua semente.”
Amadou Hampâte Ba, escritor africano do Mali

Essa situação perversa é o alvo da Lei nº 10.639/03 – ela permite o resgate da linha histórica que antecede o tráfico de escravos de origem africana para o Brasil e recoloca o negro como um personagem central na formação da nação brasileira. É nesse contexto que o projeto “Negro olhar” está inserido. Apresenta a história africana como um instrumento de resgate da cidadania, afirmando a riqueza, a força e a importância da participação do negro em nossa sociedade desde o período colonial até os dias atuais.
O projeto, desenvolvido na Escola Municipal Dr. Deoclécio Dias Machado Filho, localizada no Cosmorama, apresenta, de forma clara e contundente, uma cultura negra que é, ao mesmo tempo, africana e brasileira, e, acima de tudo, coerente com sua história, tradições e peculiaridades. A professora Márcia Nabuco coordenou o projeto e justifica a proposta: “Estudamos a história da Mesopotâmia, da Grécia, de Roma ou ainda a Reforma Religiosa, a Revolução Francesa, a Revolução Industrial e a Independência Americana. Esses fatos explicam sim nossas realidades ou alguns momentos de nossa História e é, portanto importante o seu estudo. E a África?  Por que não estudar a história da África, origem da civilização, em um país como o nosso, predominantemente marcado pela miscigenação?”.
Valorizar a história e a cultura

Em uma das vertentes do projeto, os profissionais da escola foram estimulados a trabalhar a sua identidade e a redefinir as concepções que possuem sobre temas como racismo, preconceito, ideologia, cultura, gênero e estereótipos. Outra ação importante foi a criação de um acervo bibliográfico de apoio aos educadores da escola, dirigido à valorização da história e da cultura afro-brasileira. Há também um blog ( www.projetonegroolhar.blogspot.com ), catálogo de filmes e acervo de filmes em DVD.

“Ao criar e desenvolver o projeto, tivemos a intenção de criar condições para que os professores desenvolvessem trabalhos sobre o tema. Assim, levantamos informações, criamos uma sala multiuso chamada Espaço África, apresentamos filmes, organizamos exposições e até fizemos visitas ao Museu do Pontal e ao consulado de Angola. Toda semana houve alguma atividade relacionada ao projeto aqui na escola”, explica. Até mesmo a tradicional Festa Junina abriu as portas para o projeto e reservou um espaço para especial a africanidade, o “Cantinho Afro-Brasileiro”, com direito a canjica e caldinho de feijão.

Outro objetivo alcançado pelo projeto foi a integração entre os diversos segmentos. Márcia explica que era percebida uma lacuna entre os alunos da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e da Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Nas nossas atividades, os trabalhos exibidos foram desenvolvidos por alunos de todos os níveis, sem discriminação. Todos expuseram e foram valorizados por suas participações”.

Entre as atividades relacionadas ao projeto, “Lugar de negro é...” foi considerada uma das mais marcantes. “Ali, nós mostramos que o negro ocupa postos importantes em nossa sociedade e no mundo. Mostramos o Barack Obama, negro e presidente dos Estados Unidos. Mostramos, com Martin Luther King, a influência do negro nos movimentos sociais. Também mostramos a força do Black Power e da música negra”. Com isso, mostramos aos nossos alunos que eles têm motivos de sobra para orgulharem-se de suas origens e que podem, e devem, lutar pelo espaço a que têm direito em nossa sociedade”, concluiu.  

Projeto Negro Olhar
Escola Municipal Dr. Deoclécio Dias Machado Filho
Realizado entre fevereiro e dezembro de 2009

Objetivos
- Levar alunos e educadores a reconhecer e afirmar a contribuição da população negra na construção da cultura e da sociedade brasileira, incluindo ainda a questão racial como objeto de reflexão.
- Implantar, como determina a Lei nº 10.639/03, a inclusão do estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política, pertinentes  à História do Brasil, em nível global na Escola Municipal Dr. Deoclécio Dias Machado Filho.

Público alvo
- Todos os professores e profissionais da escola;
- Todos os alunos do ensino fundamental nos turnos da manhã, tarde e noite.negro_olhar4

Equipe
Coordenação: Márcia Nabuco
Participação: Fábio Melo
Implantação: Teresa de Oliveira, Marise Gualberto, Áurea Lobo e Paulo Ferrari


Por Gerson Tavares
Fotos: divulgação
Fonte: Página do "Escola por quem faz" da Prefeitura de Mesquita